sábado, 31 de maio de 2008

Editora do Bispo

O post aí debaixo me obriga a contar essa historinha.
Andando por BH, procurando por alguma preciosidade de livro dessa editora, entrava e perguntava "moço, tem algum livro da editora do bispo?", após reiterados "nãos", eis que o vendedor todo sorridente me diz:

- Ah, temos sim... (a pessoa toda alegre falando) temos esse aqui: "Por que se mete... - tom de voz baixando drasticamente, a pessoa se encolhendo atrás do computador, totalmente sem-graça... - porra"* (a porra quase não saiu!).

Um amigo que estava comigo não se aguentou e saímos às gargalhadas da livraria, porque no final nem tinha o livro no estoque. Comentou que o vendedor nunca esperava que, com esse nome de editora, pudesse haver um título assim e muito menos que uma garota com uma cara tão inofensiva pudesse estar interessada nesse tipo de literatura, hahaha

Momento de utilidade pública:
Aproveito pra informar que alguns títulos da editora estão disponíveis pra download GRATUITAMENTE, preciosidades como "Manual para fazer das crianças pobres churrasco", "Vendo alma vagabunda com tatuaje del Che", o já citado "Catecismo de devoções, intimidades & pornografias" e o clássico "José Simão no país da piada pronta – dicionários lulês, tucanês e antitucanês". Aproveitem, antes que os Bispos mudem de idéia:
http://www.editoradobispo.com.br/site/download.php
Ah, mas se vocês acessarem simplesmente www.editoradobispo.com.br, verão a ilustração com a frase que eu acho o máximo: "It's never just a game when you're winning". Adoro! hehehe

Por que eu queria comprar se dá pra fazer o download?
Porque gosto de ler deitada na cama, babando em cima do livro, rsrs
Por que então eu não imprimo?
Porque o formato deles é muito mais legal e ficaria muito mais bonito na minha estante ao invés daquela encadernação horrorosa em papel A4! Sem falar que é sempre muito boa a sensação de achar o que é difícil, né?

* Por que se mete, porra? Delicadezas de Paulo César Peréio.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Catecismo de devoções, intimidades & pornografias, por Xico Sá

O post vai ser longo, porém gostoso de devorar.
Tudo porque não consegui achar esse famigerado livrinho aqui em BH, que fiquei super a fim de t(l)er, desde que soube de sua existência pela minha queridíssima Raquel. Pelo menos li o dela e então fiz uma compilação de alguns "melhores momentos" pra postar aqui. Lá vai:
  • Das devoções repetidas ad infinitum

Tudo começou nas beiras de caminho, postos de gasolina, caminhoneiros do Brasil. Uma rosa barata que vira calcinha, desconstruindo a lógica mais lírica, uma calcinha que dura no máximo um dia, dissolve-se no ar ou na boca, feito hóstia consagrada, amém.

  • De uma bonequinha de luxo e seus olhos lindamente pintados

Nada de acreditar nessa historinha de "você já é bonita com o que Deus lhe deu!". Dorival Caymmi, saravá meu pai!, é uma beleza de homem, sábio, mas esse verso, aqui neste catecismo, não soa bem aos ouvidos. Pinte esse rosto que eu gosto e que é só seu. Com todos aqueles lápis que fazem de você uma criança brincando de colorir o desejo.

  • No que concerne ao Lapsus Linguae

Aqui o lapso de língua diz respeito àquela criatura que preguiçosamente se debruça sobre a vulva ou o pau e não se devota, limitando-se a um mero favor sexual sem vigor ou alma. A burocratização do sagrado ato de sorver o objeto de desejo. Falta de manga na infância, no caso dos meninos; falta de espiga de milho cozido, no tocante às meninas.

  • De todas as glândulas do amor

(...) tudo é lindo e belamente dramático na foda, mecânica da carne que se enrosca, o pau come até a alma, paudurescência ad infinitum, o amor é mesmo o viagra do espírito.

  • De quão luxuosos podem ser as damas e os cavalheiros solitários

Nada mais elegante do que a solidão tranquila, um trago no balcão do bar, ninguém para encher o saco - a não ser os chatos que se multiplicam por aí, onipresentes, malas, malas, malas. Esses, porém, a gente se livra fácil, não voltam para os nossos lares doce lares.

Não que o amor não seja lindo. Nada disso. "Te amo, porra", bem sabes, como diria o Pereio.

É óbvio que vivemos grandes momentos envenenados por Cupido. O que faço nestas maltraçadas linhas é uma defesa da decência solitária, o direito até de esnobar com um "I want to be alone" à Greta Garbo.

De não se deixar adoecer pela ditadura da falsa felicidade publicitária!

De chegar em casa feliz, botar um disco novo, tomar um uísque... De cantar Antonio Maria da forma mais irônica, como ele também hoje cantaria: "Ninguém me ama/ninguém me quer/ninguém me chama/de Baudelaire..."

  • Do prazer como dever permanente do homem

"...a satisfação e o conforto das partes da mulher devem depender da acolhida que dão ao membro viril, e que o homem não deve conhecer descanso ou paz enquanto seu dever não tenha sido nobremente cumprido!" [D'O Jardim Perfumado, um manual erótico árabe, obra do xeque Nefzaui]

  • No que concerne a uma Valentina que pisou machucando com jeitinho

A gente é tão doido, e doído com acento agudo e tudo por uma pessoa, que a gente não sabe que pode chegar outra/o um dia. E sempre chega. Donde encosta a romana. A ruiva. Tão de outrora, Deus mio, aquela que eu havia conhecido dum simpósio da Unesco, 5, 6 anos atrás. Quase a Adriana do romance de Moravia, de tão puta, pois.

Eis que a moçoila, agora na flor dos 30, ou quase, volta a São Paulo, para uma felicidade tão rara. Como pode fazer um homem velho tão feliz, mesmo tão rápido. Doído era aquele avião partindo e ela chorando por nós dois, italiana, caralho, não suporto despedidas... aquelas botas, tão Crepax, tão Valentina, tão pendor milanesa, e as nossas phodas em espanhol caricato, tão gozadas e lindas, onomatopéias e babéis imperfeitas...

Thanks por fazer esquecer romances d'outrora, linda romana, jogo-lhe todas as moedas em tuas fontanas, como pode querer tanto um feio se és a mais bela?, a mais bela de todas???

Donde ela diz, graciosa, que voltou ao priapismo da velha Roma, que o mundo moderno a desacostumou dessas coisas...

Mas os aviões, o aeroporto, transformam qualquer ensaio de amor no amor mais phoda, o amor a jato a atingir as nuvens, o boeing, algodão de céus, o calor das despedidas que viram chuvas...

  • De um fragmento do cangaço amoroso

"Se eu soubesse que chorando/empato a tua viagem/meus olhos eram dois rios/que não te davam passagem." [Volta-Seca, cangaceiro do bando de Lampião]

  • Do termo balzaquiana e o uso adequado nos novos tempos (porque o Ronaldo Salame havia me dito exatamente isso, quando inaugurei este blog, usando essa palavra no subtítulo. Aí concordei e tirei.)

Onde lia-se uma mulher de 30 anos, como na época do velho e bom Honoré de Balzac, leia-se uma mulher de 45 em diante. Além do avanço da cosmética e da beleza para o rosto da mulher, o espírito, mais livre, é outro. (Yeah!)

  • Da beleza sem igual das saboneteiras (= ossinhos logo abaixo dos ombros, aos desavisados)

Das lições de anatomia, essa é uma das mais belas. Aqueles ossinhos prontos a receber, como recitaria Manuel Bandeira, sabonetes Araxás. As lindas moças dos sabonetes Araxás. Ali guardamos também nossos desejos ensaboados, aqueles desejos que ainda carecem da mínima convicção, mas logo logo nos põem caídos aos vossos pés, devidamente abaixados.

  • De um haicai surgido de queixa ouvida na porta do banheiro feminino

Ah, cadê os homens? Tanto gasto em cremes... E ninguém me Lancome.

  • No que concerne a um gracioso diálogo com uma aprendiz de devassa

- Você cospe ou engole?

- Eu só não engulo desaforo, o resto é manjar dos deuses!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

B(eing) H(appy)!!

Saída. Transtornos (essa foto do último post deve ter atraído). Alegria permanecida intacta.
Rever a casa verde que tem uma árvore na frente cheinha de pessoas especiais. Agora cachorros (floquinhos cor de sorvete de creme), não mais gatos. Lindos e, às vezes, estressados.
Festas, passeios, pessoas. Ouro Preto, Mariana, mina. Velvet Club, Paco Pigalle, Deputamadre. Taxis, ônibus, caronas. Tutu, "biju", canudinho de doce de leite. Olheiras, danças, gargalhadas. Parque de diversões, tênis, mochila. Chapéus malucos, gincana insana, churrasco rock.
É, parece que tô em forma.
Ah, e de brinde: filmes inesquecíveis.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

An only form, so many names. An only bag, so many things.

- By me, on a plain going to Marabá city -

A forma das diversas substâncias do mundo é uma única. E do outro lado existe apenas a loucura.
Há nomes aborrecidos para viagens maravilhosas, mas o inverso é ainda mais fácil.

(Gonçalo M. Tavares em "Biblioteca", inspirado na obra de René Crevel.)

Amo viajar. Odeio arrumar mala.
Minhas malas sempre fazem questão de provar a minha incapacidade pra uma vida cigana, já que não basta não temer aviões e ainda se divertir com as turbulências lá no alto, quando a maioria lembra que não renovou o seguro de vida que aquela atendente de telemarketing ofereceu (você ainda bateu o telefone na cara dela) e que a indenização por acidente aéreo é a mais generosa pra família.
As maleditas riem-se de mim quando paro e me pergunto, com sofreguidão [mão no queixo, respirando fundo]: por que será que um só par de sapatos (além das havaianas) não basta pra mim, môdeusdocéu?

sábado, 17 de maio de 2008

Flowlácias

As flores a observam como espectadoras de uma novela que só passa aos fins-de-semana.
Espicham-se no muro vizinho para vê-la chegar e tentar adivinhar seu humor.

- Hoje ela parece bem menos radiante: vai ligar o sorriso no automático.
- Talvez apareça alguém que a faça sorrir com a alma inteira.
- Nunca aparece.
- Houve uma vez, lembra?
- Foi só uma lembrança, não foi real.
- Nunca é.
- Mas o sorriso foi sinceramente diferente, chegou nos olhos!
- Acho que foi a primeira vez que ela nos notou aqui dependuradas, brigando pela melhor visão.
- Rá, e a pateta achou que só nos viu agora porque devemos ser de época!
- É, época de beleza.
- Será que ela pensa isso quando nos vê?
- Claro que pensa, eu vi que sim, apesar de não estar sorrindo com os olhos.
- Mas podia ser só um pensamento automático de mulherzinha quando vê flor.
- É? E aquela onda que veio junto com o olhar?
- AM-O-RAS!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Alma levemente dançante

Cheguei assim da última sessão de "Chega de Saudade", onde o cinema era todo meu.
Queria achar - mas nem santo google ajudou a encontrar - o teor do bilhete da personagem de Maria Flor pra postar aqui. Simplesmente lindo. Tem coisas que só são possíveis na e com a juventude.
E Cássia Kiss continua transbordando beleza e talento.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Esquecimento

É preciso criar um espaço para o futuro desconhecido encher a vida com surpresas que ainda estão por vir. Eu sei de tudo isso. Mas agora a madrugada dói tanto que eu esqueço. Esqueço até de não escrever isso assim, na 1a pessoa. Que então sirva, ao menos, de lição:
Eu = 1a pessoa. Entendido?

segunda-feira, 12 de maio de 2008

A emocionante história de um não-encontro

Eram dois que nunca se souberam. Seguiam, por vezes indiferentes, por outras apáticos, com suas respectivas ignorâncias (redundantemente desconhecidas) cotidianas.
Nunca se encontravam porque a estrada era comprida e larga, recheada de muitos outros transeuntes - às vezes, invisíveis -, com suas faces cheias de inexpressão.
E assim seguiu a história do não-encontro, do nunca ser-via.

sábado, 10 de maio de 2008

Creti-nice-s

I - Estilo clássico

.. diz: Olá mais lindona do mundo
Zombie girl diz: ai, como eu adoro essa recepção cretina!

II - Estilo que dá azar de topar com a minha intolerância

.. diz: não vai sair pra namorar hj?
Insone girl diz: essa foi ótima... Agora é a parte que eu respondo: "mas eu não tenho namorado" hahahahah... pathetic! =P

III- Estilo presunçoso que dói (ops, se doer em mim ele gosta)

Dri diz: (...), que saco!
Jacklord diz: Que saco é.... glorious!
Dri diz: glorious?!?
Jacklord diz: É quando uma coisa é extraordinária... é de um colunista que leio.
Dri diz: eu sei o sentido, só não entendi pq usaste nesse contexto
Jacklord diz: Porque eu gosto do teu desabafo do "que saco".
Dri diz: hum... não sabia
Jacklord diz: É engraçado porque imagino dizeres o "que saco".
Dri diz: a tua natureza é muito sádica mesmo, né? rsrs
Jacklord diz: E a tua natureza é de se dar ao meu sadismo, é lindo, não é?
Dri diz: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Dri diz: foi a coisa mais engraçada que já ouvi nos últimos tempos!!
Jacklord diz: Meu esporte favorito: judiar de ti.
Dri diz: pobrecita de mim, aff
Jacklord diz: Não reclames porque gostas.
Dri diz: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...pára, eu vou ter uma síncope se continuares me fazendo rir tanto!
Jacklord diz: Síncope mata?
Dri diz: sinto muito te informar que acho que não
Jacklord diz: Ainda bem... era como jogar futebol sem bola!

IV - Eu, cretina

.. diz: qual a boa?
Dri diz: eu! hahahaahhaha
.. diz: ah, tá! E a excelente então? HUHEuhauhUEHuhauheuha te peguei
Dri diz: Excelente se tira em prova. Mulher é que é boa!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Uma bela imagem

Todos oscilamos como algas na escura corrente do mar da noite.

Sorte, critérios e humanidade

Tenho um trabalho (the main one) que me humaniza mais a cada dia - além de me permitir pegar estrada de vez em quando. :)

Contraponto: se envolver demais com coisas impossíveis de resolver.
Mas quem disse que a impossibilidade não pode ser, ao menos, amenizada?
Quem disse que não pode haver imperfeição perfeita?

E por falar em humanidade, dia desses eu tava pensando exatamente sobre o que Rafael Galvão escreveu: dos diferentes enfoques sobre o mesmo puro e simples fato, qual seja a morte de um ser humano. Fosse ele quem fosse, velho, criança, padre, astrólogo, faquir, nerd, xamã etc.

Eu, que vira-e-mexe bato o olho numa certidão de óbito que cita como causa mortis: falta de assistência médica. É ler e ouvir dentro de mim "creck".

E, por último, isso me lembra uma conversa com um amigo recente, o qual comentava que também tinha sorte por atrair pra perto de si mais humanistas - pessoas que não se definem ou, se se definem, é como habitantes da terra. E esclarecia: "não que eu tenha algo contra alguém se definir como homem, mulher, índio, negro, brasileiro, alemão, paraibano, muçulmano, judeu, vegetariano, gnóstico, protestante, abençoado, são sabastião da lagoa de rocense, rotariano, intelectual, vagabundo ou que seja. É que definições não só reduzem, como separam. Podem unir, se você se identificar com o rótulo. Se for só um rótulo, pode ser legal... se estiver misturado com o sangue é mais complicado."

Eu assino embaixo.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Eu. Você.

Porque só uma pessoa pode me dizer isso:
"O tipo de coisa que não precisa de explicação, legendas ou mapinhas, que dá pra entender de qualquer jeito: eu.vc."

É um entendimento tão absurdo que ultrapassa as nossas capacidades e esgota a compreensão.
É lindo. Um orgulho que me dá a sensação de ser uma pessoa melhor sempre que vejo essa magia ocorrendo na minha frente. Me leva das lágrimas ao riso em milésimos de segundo. Da dor aguda da perda à racional alegria da alma por ter vivido algo tão grandioso, tão maior que eu.
Deve ser assim porque, como já dizia Miguel Esteves Cardoso (MEC), quanto mais fodido o amor, mais lindo ele é.

"Por que é que fodemos o amor? Porque não resistimos. É do mal que nos faz. Parece estar mesmo a pedir. De resto, ninguém suporta viver um amor que não esteja pelo menos parcialmente fodido. Tem que haver escombros. Tem de haver esperança. Tem de haver progresso para pior e desejo de regresso a um tempo mais feliz. Um amor só um bocado fodido pode ser a coisa mais bonita deste mundo". - MEC

É, parece que nascemos, crescemos, nos apaixonamos e nos estrepamos inúmeras vezes até que a morte nos exaure. No meu caso, as inúmeras vezes não são inúmeras. Aí vem a pergunta: será que é apenas UMA vez pra alguns? Ele fez a mesma pergunta no dia em que eu escrevi o post com esse título - espantoso pq nem sabe da existência disso -, eu disse que esperava que não, senão tava mesmo fodida (esse blog tá ficando muito desbocado), pelo que retrucou: "você não respondeu".
Quem vai responder não sou eu, mas o tempo. Meu amor.
Saudade de falar essas palavrinhas com vontade, cada sílaba.
Ah, ponto fraco... já chega. Trilha da noite:

Porque era ela, porque era eu
(Chico Buarque, of course)
Eu não sabia explicar nós dois
Ela mais eu
Porque eu e ela
Não conhecia poemas
Nem muitas palavras belas
Mas ela foi me levando pela mão
Íamos todos os dois
Assim ao léo
Ríamos, chorávamos sem razão
Hoje lembrando-me dela
Me vendo nos olhos dela
Sei que o que tinha de ser se deu
Porque era ela
Porque era eu.
-
Perfeito. Ponto final.

Soul-ter-isso?

Prós:
  • Desmistificar algumas das coisas que se rotulava como bobagem, em se tratando de autoconhecimento ;
  • Poder programar qualquer coisa de última hora, desde as mais simples, como um cinema depois do trabalho, até as mais loucas e inusitadas, como resolver ir no próximo feriado pro 1st National Meeting CS Brasil :D ;
  • Faz parte do item anterior, mas é tão bom que merece ficar separado: olhar-se no espelho e perguntar: então, babe, o que você quer fazer hoje?
  • Divertir-se esfregando na cara dos amigos comprometidos essa liberdade, fazendo-os dizer: "odeio quem é livre pra fazer o que quer". Pausa. Eu rio, escancaradamente, da minha vantagem e, em seguida, escuto: "odeio mais quem ainda ri disso", hahaha;
  • Conhecer gente nova, de tudo que é canto do globo terrestre - coisa que, quem me conhece, sabe que a-do-ro - sem precisar me preocupar com ciúmes de ninguém;
  • Achar que, qualquer dia, qualquer hora, pode acabar acontecendo uma outra love revolution na minha simple life;
  • Gostar de saber dessa possibilidade, mas achar que se está muito bem, obrigada. :D
Contras (lá vem o contraponto!):
  • Não ter com quem comentar sobre o filme ou sobre o dia de trabalho - pensando nisso agora, acho que acabei de descobrir porque criei esse blog. O esforço é no sentido de torná-lo o menos ridiculamente adolescente possível, rs;
  • Não ter uma costelinha pra morder enquanto cai a chuva - e olha que essa cidade é farta no quesito "noites chuvosas";
  • Estar com uma cor linda deixada pelos raios solares que conseguiram furar o bloqueio do filtro 30 sem ninguém pra elogiar;
  • Não ter quem me acalme no meio da noite com beijinhos e cafuné depois de um pesadelo punk;
  • Achar que, apesar de ser movida por paixões, talvez seja melhor nenhuma love revolution mesmo;
  • Acordar querendo me apaixonar perdidamente, de novo - nada que 1 hora de nado não resolva;
  • O mantra: "sim, eu sou um ser assexuado", rsrs.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

You float like a feather in a beautiful world

- outono, by me -

Porque eu não acho certo que "outono", em inglês, se pareça com "atum" (autumn);
Porque eu trouxe uma folha lindamente vermelha que emoldurei - onde eu vivo não existe outono, portanto, no red leafs;
Porque eu gosto das coisas que, de tão bonitas, são melancólicas - deve ter nascido daí a expressão "bonito que dói", rs;
Porque o trajeto de uma folha caindo é lindo de se acompanhar, e isso eu posso fazer daqui mesmo, muitas vezes parada num sinal cheio de mangueiras;
Porque nessas horas, é como se a folha me olhasse e pudesse falar: eu não mereço que me olhes assim;
Porque nessas horas eu também sinto saudade de ser so fucking special pra alguém, como aquela folha é naqueles segundos pra mim.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Sê-guir

Do mesmo jeito que eu brinco de desconstruir palavras, acabo desconstruindo muita coisa que não devia.
(Saco meu caderninho mental de anotações e escrevo: olhar pro retrovisor enquanto se percorre a estrada, além de atravancar o caminho, atrai uma certa bipolaridade, arc!)

.. diz:
Tu pensas demais em assuntos que não são para pensar.
Dri diz:
é, é mesmo. Tens razão
.. diz:
Vai gastar dinheiro que é bem mais superficial.

[Esse conselho devia vir acompanhado de umas notinhas de euro$.]
[Bah, nem preciso dessas coisas pra ser feliz.]
[Dri parece estar offline.]

segunda-feira, 5 de maio de 2008

uMa alMa aMa Música

Incluindo na lista "the songs I'd like to hear in my ear":

"Que não deveria se chamar amor" - Paulinho Moska

O amor que eu te tenho é um afeto tão novo
Que não deveria se chamar amor
De tão irreconhecível, tão desconhecido
Que não deveria se chamar amor

Poderia se chamar nuvem
Pois muda de formato a cada instante
(...)
Poderia se chamar abismo
Pois é certo que ele não tem fim
(...)
Poderia se chamar primeiro beijo
Porque não lembro mais do meu passado
Poderia se chamar último adeus
Que meu antigo futuro foi abandonado

Poderia se chamar universo
Porque nunca o entenderei por inteiro
(...)
E poderia simplesmente não se chamar
Para não significar nada e dar sentido a tudo.

A weekend in this crazy life

Camila Rezende (Santos-SP), Tony Mukherjee (from India) and me

Quanto mais eu vivo, mais eu constato:

Quem espera sempre se decepciona;
quem nada espera é premiado com surpresa.

[Isso é um bom lembrete pra que eu sempre demande esforços no sentido de me tornar uma pessoa menos ansiosa possível, já que 11 entre 10 mulheres padecem desse mal.]

A recompensa desse fds foi que eu ganhei lindos amigos de infância em 3 dias, cool não?
É como se esse encontro tivesse mesmo que ocorrer em algum lugar do cosmos onde tivesse uma boa caipirinha e os mais inusitados ritmos pra se tentar dançar de qualquer jeito.
E eu nem vou ficar triste por esses 3 "tchau, até um dia" - todos hoje. Vou guardar (além do msn e endereço-para-quem-sabe-futura-visita de cada um) o som das risadas, a alegria contagiante grudada nas nossas faces desavergonhadas, as dancinhas, as fotografias loucas e as vezes em que a comunicação parecia telepática, tamanha afinidade desencavada pela frequência de pensamentos e pelo gosto pelas mesmas músicas, filmes e o carpe diem way of life!
E o microcosmo segue dizzy and happy seu rumo.
[I think there is a helicopter in my mind.]

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Reflexo(e)s about sunglasses - "oculus animi index"

Pra mim, existem essas situações:
  1. Servem pra acreditar que vai fazer um dia lindo;
  2. Servem como bengala pra sua auto-estima, pra sair se sentindo belíssima, poderosa, quase intimidativa, rs;
  3. Paradoxalmente, servem pra se ter a impressão de que, ao colocá-los, fica-se invisível, como se ninguém fosse notar que se está ali, como se, de repente, aquele objeto singelo deixasse de ser uns simples óculos pra se transformar num verdadeiro biombo, onde você fica escondido, só olhando pela fresta. Talvez seja por causa da história atribuída a Da Vinci de serem os olhos as janelas da alma e o espelho do mundo, então é como se você fechasse as janelas pra não deixar transparecer, nem refletir nada - uma espécie de escudo;
  4. Somente são combináveis os itens 1 e 2.
Será que pra todo mundo é assim?

Não-Rio

Almoçando sozinha distraidamente com a tv ligada (só pra quebrar o silêncio), passa a propaganda da nova novela de sei lá qual horário. A trilha: bossa nova. Aquilo me dói. Será que um dia consigo voltar a ouvir essas coisas sem essa melancolia me arranhando, sentindo só a beleza?
Melhor quebrar o silêncio aqui, em frente ao micro - em silêncio.
E, em vez de Rio, rio.