quinta-feira, 31 de julho de 2008

"...but these tears I can't hold inside"

Ficava mal era quando sua fragilidade resolvia sair pra dar uma volta e acabava por lhe tomar o ar.

História de uma não-volta

Se houvesse volta, ela não saberia como chamá-lo, não saberia como contar o tempo, os aniversários, talvez nem como tratá-lo, e viveria em pânico de que, no dia seguinte, houvesse outro surto de incerteza e egoísmo que a atirasse novamente no painful(l) turbilhão painfeeling-painkiller.
Talvez ele não seja mais quem ela profunda e escancaradamente quis; talvez a solidão o torne um ente insubstituível, posto que totalmente idealizado a ponto de fazê-la acreditar na inexistência de alguém capaz de despertar tanto ou algum amor.
Talvez nunca mais se encontrem porque ela pensa que conseguirá fugir desesperadamente da presença dele como o diabo da cruz, já que não quer aquele frescor de chumbo no peito do qual tanto lutou pra se livrar; não quer ser vista com aquele pesar no olhar e, como já sabe bem ser impossível o não querer (dela) e o acontecer (dele), às vezes até finge que nada disso existe. Fingimento acompanhado de um beijo telefônico de boa noite, daquele que não volta e que não tem remédio, nem juízo.
Nem amor.

Delicadeza

- Já conhece esse tipo? (com a flor na mão, me entregando)

- Não, que cores bonitas! Olha, tem um botão que ainda não abriu (olho, admiro e devolvo).

- Não, pode ficar.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Mais um!

Entre Allen Ginsberg e Nietzsche, agora tô lendo também Ruy Godinho: "Então, foi assim?", sobre a origem de 80 sucessos da música brasileira, que me foi gentilmente emprestado hoje por um colega de trabalho, após a constatação de que dividimos a mesma paixão por música e viagens.
Tô adorando.
:-)
Bien, a crise de abstinência por estar sem pc a tempo e a hora que eu quiser até que não tá tão braba*. Melhor assim porque, afinal os livros são excelente companhia, além de mim mesma, of course, rs.
*Okay, tem o celular onde sempre checo meus emails pra amenizar. =P

Country-side days

Dias de leveza de cidade do interior e muito bons livros.
Dá vontade de reproduzir tudo aqui, mas é impossível porque, além de estar sem pc full time, é coisa demais. Coisas essas que começaram desde o aeroporto, quando li num livro que peguei aleatoriamente um diálogo mais ou menos assim:

- Mas por que você não quer fazer amor comigo? É por que eu sou preta?
- Não, é porque eu tenho medo.
- Medo de quê?
- De não regressar de ti.

Lindo. Forte. Inevitavelmente me lembrou João Gilberto, em frase já escrita antes (na verdade a letra dessa música é do Caetano): "pena de quem não entendeu que a beleza de amar é se dar".

Altam-ente inusitado

O tempo segue ensinando que a não-expectativa deveria ser regra na vida de qualquer ser humano, afinal não é à toa que se diz que a dor vem do desejo.

Aparências

Quando duas pessoas não se conhecem o suficiente para saber até que ponto tal situação lhe é comum surge o embaraço.
Surge a vontade de abrir o peito e mostrar a alma.
Mas é impossível pra uma alma inteira se mostrar em dois dias.
E cada vez eu vejo o quanto é difícil a arte de ser solteira.

Sex and the (Altamira) city

Estou em Altamira a trabalho, porém, tendo chegado no domingo, saí pra fazer o "reconhecimento da área" (rs) e descobri que a cidade tem um cinema (!!) e então tentei assistir "sex and the city - o filme". Não consegui porque fui mal informada sobre o que estava em cartaz pelo porteiro do cinema Lúcio Mauro.
Conselho que ouvi ontem ao telefone: não assista!
Resultado: agora mesmo é que quero ver, mesmo que chore o Xingu inteiro.
Desfecho: Acabei assistindo Hulck de novo, mas dessa vez dublado (arc! - nobody deserves, but it's Altamira, babe!). E quase tive medo de um ser vagante que comia restos das pipocas alheias, inclusive da minha. Mistura de choque e estranheza. But it was cool, anyway.

sábado, 26 de julho de 2008

Perdoer

Essa palavra deveria existir pra explicar uma perda que ainda dói.
O problema é que, conjugando no passado, ficaria: "perdoei".
Faz sentido. Palavra-mantra pra mandar a dor embora.

PS.: Acabo de ver que perdi a gota de cristal da tornozeleira, aff.

Dormindo pouco

Comendo frango em cubinhos, com castanha de caju e vagens inteiras - de sobremesa: pedaços de pêssego e abacaxi misturados com queijo branco; conhecendo portos sinistros, pegando barco; fazendo o dia render muito mais que 24 horas; lamentando não ter câmera pra registrar tudo; sentindo saudades; dançando qualquer coisa pra se manter acordada; ouvindo elogio por minha memória (!); querendo ouvir violão sem conseguir; lendo livro em inglês; ganhando um montão de formidáveis novos amigos.

Okay, agora esqueça de uma vez por todas que seu HD não teve jeito e vc perdeu t-u-d-o.
Lembre-se: isso é um grande exercício. Leia 10.000 vezes Elizabeth Bishop:

One Art



The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.


--Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

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quarta-feira, 23 de julho de 2008

Panelas x inferno astral tecnologico

Vale o registro: hoje eu fiz o almoco.
O impressionante eh: as pessoas gostaram! :-o


Eh muito boa essa sensacao, ainda mais pra quem tinha acordado meio desanimada com a vida, depois de receber a noticia logo cedo de que nao houve salvacao pra camera espanhola com o tao desejado estabilizador de imagem.

Preparar o alimento, ver isso dar certo, as pessoas comendo e gostando, parece magica!
Okay, parece bobo, mas pra mim foi o maximo atender o telefone e dizer: "ah, pode ligar depois? Eh que to fazendo o almoco!"
Deveria fazer isso mais vezes, mas eh que, de fato, nao tenho muita opcao... eh que... er... er... tenho um nojinho daquelas coisinhas cruas molengas, sabe? Nao queria ter, mas eh mais forte que eu! :-(
Entao fico somente com as pastas. Jah eh alguma coisa.

Amanha eh minha vez de experimentar a comida alheia! :-)

E por falar nisso, to postando do computador alheio tb! O meu resolveu morrer em solidariedade aa minha maquina fotografica. Inferno astral tecnologico total!! Esse nao fala portugues, portanto desconhece acentos e cedilha, perdoem. Pobrecito!

domingo, 20 de julho de 2008

Suddenly

I have another guest at home, now from the USA.

It seems he's in love with Belém.

I just think it's great!

:-)

PS.: He also has a blog! It's nice to know if he's really enjoying. Otherwise, he can feel constrained to lie there when he tells me the address, haha.

sábado, 19 de julho de 2008

My soundtrack


Someone to hold me tight

That would be very nice
Someone to love me right
That would be very nice
Someone to understand
Each little dream in me
Someone to take my hand
To be a team with me

So nice, life would be so nice
If one day I'd find
Someone who would take my hand
And samba through life with me

Someone to cling to me
Stay with me right or wrong
Someone to sing to me
Some little samba song
Someone to take my heart
And give his heart to me
Someone who's ready to
Give love a start with me.
...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

sssssilence

Learning: the biggest events are not the most noisy, but our more quiet hours.

And I took my Muiraquitã to take a walk in the court today. :)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Roda Viva


Des-pedir quando foi o des-interesse que aproximou.
Despir-se da presença: ah, me falta talento. Horas em que prendo a respiração e sigo.

É um exercício dolorido de desapego.

É um dia triste em que casa vazia = mundo inteiro vazio.

Ao menos no meio do vazio tem um vaso com dedicatória no fundo, onde plantaram muito mais que uma carta. No fim, é sempre isso que se deve guardar.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Apre(e)ndendo tempo

Só queria ter certeza de que as pessoas que prezo estão aprendendo nesse tempo, nesse exato instante. Aqui do lado ou lá longe.

Mesmo em silêncio.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Simplificando pseudo-complicações

Quem ama tem coragem?
Falta de coragem é falta de amor?
Palavras preparam pra futuros atos?
Atos precisam ser precedidos, trocentas vezes, pelas mesmas palavras de incerteza?
Perguntar por paciência é um pedido ou um devaneio?

Simplifiquemos lembrando que: "amar é estar", ponto.

Isso é fato. Isso é fardo. Isso fere. Isso é febre. Isso fica. Isso flui. Isso ri. Isso não acaba nunca. Isso é infinito?

terça-feira, 8 de julho de 2008

Farmácia e cinema

Saiu do trabalho. Dava tempo de chegar ao cinema antes que a chuva caísse.
Precisava aproveitar o privilégio de trabalhar perto de um, afinal talvez isso mude daqui a um mês.
Escolheu o lugar de costume: nem muito perto, nem muito longe, uma poltrona quase na ponta. Quando as luzes se apagaram e não conseguia se concentrar, achou que o problema era com ela, com aquela vida ordinariamente instável, sem porto pra atracar quando o coração se apequena no canto mais sombrio do peito e a dispersão impera!
Dispersão! Lembrou que aprendeu o significado dessa palavra muito cedo, desde a infância, quando começou a frequentar a escola. A frase das professoras à sua mãe, ano após ano, era sempre a mesma: "é uma menina inteligente, mas muito dispersa! É a última a acabar as tarefas porque pára e fica olhando pela janela".
Sorriu ao lembrar disso. Tentou voltar pro filme. Bem, já que no cinema não tinha janela pra olhar, levantou e foi à farmácia. Sentiu medo das ruas escuras e raiva da poça d'água que molhou seus pés. Voltou. Sentou na mesma poltrona. Constatou que dessa vez, a culpa não era da sua dispersão, mas do formato de documentário-vhs-caseiro-sem-história. Além do mais, nem fã de Eric Rhomer ela era.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Do(a)r

Ela não se cansa de mostrar o quão estúpida é capaz de fazê-la sentir.
Não se cansa de lembrá-la que a indiferença é pior que a ofensa.
Não se cansa de lembrá-la que um dia houve um céu, do qual desfrutou flutuante por tanto tempo, com uma deliciosa estabilidade de felicidade, o que é raro porque "estabilidade" nos remete à monotonia, mas aquele céu absolutamente (e absurdamente) não o era.
Não se cansa de lembrá-la que cada um dá o que tem e quem não tem o que dar, mente.
Não se cansa de lembrá-la o quão horrível é alguém que diz sofrer quando sofreria (se fosse verdade) pela sua própria inércia e falta de coragem.
A vida não se cansa de cansá-la.
...

Então ela ouviu da amiga - que é a sua versão carioca - que era forte e sábia o suficiente para não depositar suas expectativas de felicidade e realização no próximo, mas que isso é uma sabedoria que poucos têm e os idiotas sempre acham o contrário, sempre. Por isso eles tentam transformar a vida de pessoas legais em algo tão nebuloso quanto a deles.

- Porque a gente tem coração bom e faz pelos outros o que gostaria que fizessem pela gente, sempre!

Conclusão: doar dói.
(Favor alguém, algum dia, prove o contrário, ou eu nunca vou me adequar a esse universo cheio de coisas-que-eu jamais-faria-no-lugar-do-outro).

domingo, 6 de julho de 2008

Babafloyd

E por falar em música, descobri, ouvindo Bababoat, o porquê desse nome - realmente não tem naaaada de Pink Floyd cover (ainda bem!), rs.

Tem uns barulhinhos experimentais muito legais.

Ah, tem até "babafan".

Poder de convencimento

- Seria tão mais integrador se falássemos espanhol, eu sempre lamento isso.

- Pensa bem... bossa nova em espanhol?!?

: o

Touché.

sábado, 5 de julho de 2008

João é gênio



Pobre de quem não entendeu que a beleza de amar é se dar.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

School parties

De repente, é como se eu realmente estivesse de férias, no tempo em que eu tinha férias escolares.

Tempo de quebrar paradigmas, jogar fora aquilo que não me acrescenta e me cercar de pessoas que me ajudam a abrir os olhos pra esses detalhes que atravancam meu caminhar mais leve.

Tempo de olhar mais fora do que dentro, e, olhando pra fora, reflete dentro.

E a leveza começa a se mostrar.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Are you ready?


Estaremos todos mortos e esquecidos daqui a pouco. Viva já morrendo, já deixando tudo pra trás. Descubra o que você precisa para morrer com um sorriso no rosto. E faça, seja. Descubra o que faria os outros morrerem com um sorriso no rosto, e aja para que isso aconteça. Coloque brilho e vida nos olhos alheios.

Você está pronto para morrer?

[Gustavo Gitti, na revista Papo de Homem]

terça-feira, 1 de julho de 2008

Le vent c'est bon


Momentos assim acontecem pra me lembrar de que a gente precisa de muito pouco pra deixar que o tempo coloque suas compressas.
Sim, voltei a ouvir bossa nova.

Tomou meus ouvidos sem resistência e, após tanto tempo, a beleza cantou mais alto que a tristeza, em plena segunda-feira.
E a terça-feira alegremente amanheceu.