terça-feira, 28 de setembro de 2010

O querer

Clarice resume bem uma das conclusões do clube da Luluzinha que rolou agora à noite, enquanto uma tentava esquecer da coceira das bolhas de catapora:

Ocorreu-lhe que, ao falar com ele, poderia sem querer deixar escapar o que ela era, e o homem então perceberia quanto ela precisava dele, e por isso não a quereria mais, como acontece com as pessoas.
(...)

E arremata lindamente:

Era um labor de infinita cautela, onde um passo mais e o homem jamais a amaria, onde um passo a mais e ela mesma talvez deixasse de amá-lo: ela protegia ambos contra o erro. E às vezes mais parecia proteger ambos contra a verdade.

[A maçã no escuro - Lispector]

domingo, 26 de setembro de 2010

Pequenez

Sempre que me (re)deparo com coisas tão macros é inevitável essa sensação.
É bom estar de volta ao foco evolutivo.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ah, bruta flor do querer

"De repente chega o desejo e estraga tudo."

Gonçalo foi preciso e enxuto. O desejo às vezes traumatiza, mas eu nunca tive medo mesmo. Dúvidas, sim; medo, não. Mas até que ponto a dúvida não é gerada por um medinho escondido, inadmitido? Ou será que a ordem é inversa: se eu começo a duvidar, ele aparece? Melhor mesmo não pensar.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A vida é isso

O dia começou com um gesto de gratidão, seguiu com um "não" dolorido, mas que logo arrumei, foi em frente com a concretização de planos mirabolantes na contra-mão e a noite caiu com um hálito de champagne, que me deixou leve... e mais planos, e mais sonhos. E mais amigos cogitando a ideia de serem meus travelmates na minha próxima aventura em terras distantes - breve.
Cada dia mais eu me convenço do peso de um rótulo. Cada dia mais eu tenho certeza de que seria menos que poeira cósmica sem os meus amigos, os de longe, os de perto, os que se fazem tão presentes e participativos que mereciam um prêmio, mas acho que já têm. Amor.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Para Francisco

Voltei pra casa feliz da vida com Cristiana Guerra, Martha Medeiros e Elizabeth Gilbert na minha sacolinha amarela da Saraiva.
Impressionante como a leitura nos faz sentir íntimas de quem escreve as histórias. Em particular quando já se lia os escritos antes de serem lançados em livro. Senti uma emoção tão grande quando vi aquele livrinho de capa branca, singela, despretensiosa, com o título já tão familiar "para Francisco" e então pude finalmente folhear as páginas de uma história que eu já conhecia através de uma amiga mineira que quis me mostrar o quão pequena era a minha dor perto da que ela, Cristiana, vivia à época. Raquel teve sensibilidade suficiente para saber que, de certa forma, aquilo me aliviaria a alma, pois era tanta delicadeza que a sua imensurável dor emanava, que, no mínimo, deixaria minha tristeza mais bonita. Engraçado é que nunca, nem eu, nem essa amiga, conseguimos comentar nada no blog, apesar de leitoras assíduas. Comentou comigo uma vez algo como: "ai, Dri, é tão íntimo que eu quase sinto vergonha de ler". Do meu lado, nunca senti vergonha, só uma gigante empatia por se tratarem de histórias comuns, contadas de um jeito inteligentemente poético.
Obrigada, Raquel (de quem eu também adoro ler os escritos).
Parabéns, Cristiana.