terça-feira, 28 de setembro de 2010

O querer

Clarice resume bem uma das conclusões do clube da Luluzinha que rolou agora à noite, enquanto uma tentava esquecer da coceira das bolhas de catapora:

Ocorreu-lhe que, ao falar com ele, poderia sem querer deixar escapar o que ela era, e o homem então perceberia quanto ela precisava dele, e por isso não a quereria mais, como acontece com as pessoas.
(...)

E arremata lindamente:

Era um labor de infinita cautela, onde um passo mais e o homem jamais a amaria, onde um passo a mais e ela mesma talvez deixasse de amá-lo: ela protegia ambos contra o erro. E às vezes mais parecia proteger ambos contra a verdade.

[A maçã no escuro - Lispector]

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