quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Últimas horas de 2008

Ela ganhou aniversário de presente.
Deu Alice, que, mal sabia ele que enquanto nela falava, a carregava no bolso.
Ela também ganhou haikai, mesmo sem fazer aniversário.
Como se tratava de leveza, apresentou Sr. Valery, que só é enxergável pelos jardins da sensibilidade.

Presentes: a capacidade de fazer o momento parar, ou, mais forte ainda, o samba parar enquanto mergulhados naquele universo que quanto mais adentravam, mais à vontade se sentiam; a dança cantada com a alegria de carnaval que se instalou desde o primeiro segundo; a descoberta de alguma afinação no canto baixinho pra surpresa e lisonjeio dela; a paixão pelas palavras e o tato com os sons ao redor. Ah, vez por outra também aquele sorriso, aparentemente sem motivo, que ele solta e que ela sempre precisa perguntar o porquê.
-x-x-x-

Preserve-se nossa capacidade de 'a-tentar' e arranque-se os rótulos.
Estejamos prontos. O bom da intensidade é o mo(vi)mento.
Brindemos à trilha sonora que o acaso inventar.

Que o amanhã chamado 2009 chegue lindamente.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Shiny happy míope

Pensando bem, empatia é a [percepção do outro] + a [identificação com o que se enxerga].

O tempo vai confirmando ou não essa percepção, numa viagem chamada descoberta.

É o perceber-se (reconhecer-se?) pelo olhar. Poupa trabalho e sobra alegria.

E eu já tinha até esquecido de como era essa sensação: sweet.

sábado, 27 de dezembro de 2008

O inocorrido não se explica

Abandono de roteiro do curta-metragem no meio do caminho, Rio de Janeiro inspirando as exceções mais excedidas, dança e leveza, promessas não cumpridas, olhar que não olha, estranheza, não-abertura, caminhos fáceis versus solteira complicada. Chances.
"Saudade das coisas que não foram também faz parte do filme."
Penso, logo hesito. E se o sentir ultrapassar o pensar? Vivo.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Carioca soul

Feliz por ir ao aeroporto daqui a pouco rever uma cidade que foi amor à primeira estada. Cidade que me marca tanto sempre que vou, onde parece ter uma fonte de alegria pairando no ar. Alegria às vezes até melancólica, mas até a tristeza lá é mais alegre, mais poética, mais bossa nova.
Sim, minha alma é carioca, é feminina - tão compreendida pelo Chico - e viaja sem nada esperar, ansiando pela surpresa do inesperado.

Por falar em Chico, eu não sabia o nome dessa música aqui, mas hoje achei! Se chama "Dueto":

Consta nos astros, nos signos, nos búzios
Eu li num anúncio, eu vi no espelho, tá lá no evangelho, garantem os orixás
Serás o meu amor, serás a minha paz
Consta nos autos, nas bulas, nos dogmas
Eu fiz uma tese, eu li num tratado, está computado nos dados oficiais
Serás o meu amor, serás a minha paz
Mas se a ciência provar o contrário, e se o calendário nos contrariar
Mas se o destino insistir em nos separar
Danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas
Os búzios, as bulas, anúncios, tratados, ciganas, projetos
Profetas, sinopses, espelhos, conselhos
Se dane o evangelho e todos os orixás
Serás o meu amor, serás, amor, a minha paz
Consta na pauta, no Karma, na carne, passou na novela
Está no seguro, pixaram no muro, mandei fazer um cartaz
Serás o meu amor, serás a minha paz
Consta nos mapas, nos lábios, nos lápis
Consta nos Ovnis, no Pravda, na Vodca.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Curta para sempre

Até que ponto uma cidade pode contribuir para o 'sentir-se apaixonado'?

Só sei que é bom não deixar passar as oportunidades se não há nada a perder. Certas combinações de pessoas e momentos só acontecem uma vez na vida, igualzinho como na astrologia - escutem a voz suave em off: "há posicionamentos astrológicos muito importantes no novo ano, como Plutão em Capricórnio, Urano oposto à Saturno e o encontro entre Júpiter e Netuno", percebem? Sabe lá se um dia toda essa configuração vai se repetir assim, rs.

Gostei da interpretação extensiva que ouvi de, em vez de ser humano, relacionamentos: cada relacionamento é um universo. E nem todo universo deve ser explorado exaustivamente... aliás, a própria palavra 'exaustão' já levaria à implosão de uma galáxia inteira! Acontece de surgir mundos pequenininhos, até por razões extrínsecas, porém não menos valorosos. Sim, espaço-tempo são relativos (a psicodelia que o diga!), mas é que tenho uma afeição inexplicável pelo 'para todo o sempre', entretanto, conforme me foi dito hoje, como não dá pra ser 'para todo sempre' com todo mundo, então a gente vive várias histórias, que são curta-metragens de 'para sempre' - adorei isso, tinha que registrar! :)

sábado, 13 de dezembro de 2008

Levando com leveza

Dias de cinema depois do trabalho; comprinhas bobas; almoçar, mesmo que sozinha, aquela massinha gostosa, que me lembra o molho da casa da minha 'mãe americana'; bons filmes; papear até amanhecer; dormir numa cama diferente e pegar livros maravilhosos emprestados.

É bom viver sem se cobrar muito. É bom dormir na casa da amiga querida - que nem nos tempos da adolescência -, brincar de adivinhar o futuro e rir muito dos detalhes incríveis que a memória dela é capaz de lembrar sobre as coisas passadas! :)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ney*, bath and jazz that rocks!

Desconfio que ganhei de presente mais um amigo maluco pro meu hall de pessoas com quem posso ter conversas agradáveis à distância - outros diriam 'perder tempo na net'! :P

Foi realmente uma grata surpresa! E eu tinha uma imagem tão séria com relação a essa pessoa, hehe... quem diria! - eu mal consigo parar de rir! Acabou que eu nem saí pro bar que ia e a noite foi divertidíssima aqui mesmo. O inesperado é bom demais. :)

- what does it say?
- it's in english, didn't you hear it?
- hahahaha, you're right :D
- haha, i was so sure it's portuguese that i didn't even try understanding
- hahahaha...silly boy!
- i was just hoping to make you sing :P
- yeah, for sure, that's why...
----
* Ney is a middle east type of bamboo flute; it's very spiritual.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Oi coração

Seria você capaz de convencer um outro de que bate por você?

Se não, dá pra arrumar um outro tema pra essa batida?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Coelhos são estrelas

"O mistério do coelho pensante"
É a história do coelho Joãozinho que fareja idéias com o nariz e adora fugir de sua casinhola todas as vezes que não há comida. A autora cria um suspense ao não revelar como um coelho tão gordo consegue fugir daquelas grades tão estreitas.
“Se você quiser adivinhar o mistério, Paulinho, experimente você mesmo franzir o nariz para ver se dá certo. É capaz de você mesmo descobrir a solução, porque menino e menina entendem mais de coelho do que pai e mãe. Quando você descobrir me conta.”
^ ^
Clarice sabe MESMO das coisas, hihih

A analogia perfeita

"Sinto a falta dele como se me faltasse um dente na frente."

- Estrela Perigosa, Clarice Lispector -

Save the best not for the last, but for a while

A filosofia que impera no mundo solteiro é a do sexo fast food e eu não consigo achar normal que se conheça alguém e, na mesma noite, se convide pra dividir o que, pra mim, é a maior das intimidades.
Eu me sinto simplesmente uma solteira ET!!
Não sou nenhuma santa, mas pra mim esse imediatismo só leva a sexo vazio, o que eu dispenso!
Tenho um amigo que diz, no seu vocabulário mais escrachadamente chulo: "Dri, todo mundo gosta de trepar!" - sim, acho que todo mundo gosta mesmo, mas não dá pra se entregar assim!
Também acho deprimente ver uma mulher se oferecendo horrores pra um cara, e acho o máximo quando esse cara não se acha na obrigação de, só pra comprovar sua masculinidade, ter que sair com a ploc que só falta pendurar uma placa luminosa na testa com a singela frase: "me come"!
Tô errada em não atropelar tudo e querer conhecer o que há por trás da casca do ser humano, e assim, enxergar detalhes ou qualidades interessantes que vão tornando muito mais saborosa a famigerada conquista?
E é engraçado, os tipos que me despertam algum interesse são sempre os undergroundzinhos de rock'n'roll spirit, avessos à orkut, facebook e com muita inteligência, o que pra mim é o mais poderoso dos afrodisíacos! E tudo isso não é identificável assim, como se fosse a cor dos olhos. Por falar em olhos, tem acontecido deles terem sempre lentes. :P

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O meu ascendente foi feito pra mim

Nunca me liguei em astrologia, e, portanto, nunca soube qual era o meu ascendente. Eis que navegando, me deparo com um site simples e rápido que satisfaz a tal curiosidade de quem nunca procurou saber dessa bobagem.
Eis que a tela mostra: "O seu signo ascendente é... (tchan-ram!): Sagitário!

ASCENDENTE EM SAGITÁRIO

Espírito otimista, entusiasta e exuberante, você é uma pessoa que ama a aventura, a mudança e a exploração de novos territórios. Torna-se infeliz se tiver que ficar restringida, limitada ou presa a um pequeno mundo por muito tempo. Possuindo uma forte inquietude, procura quase sempre vivenciar seus sonhos imaginando desfrutar o futuro no momento presente. Você gosta de movimento, no sentido literal e figuradamente. Idealista e otimista, espera que tudo melhore posteriormente. Adora ter um . . . ?


Esta interrogação significa que o texto continua e poderá ser visualizado
integralmente quando você adquire o seu próprio

Mapa Astrológico Natal

que estará completo e à sua disposição
EM MENOS DE 24 HORAS.
Peça-o Agora.
Okay, até aí tá ótimo, minha curiosidade não iria mais longe que isso. Sei de tudo o que adoro e fiquei satisfeita com meu ascendentezinho meio homem, meio cavalo.
De repente, lembrei que meu tipo sanguíneo é B positivo, e que, durante muito tempo me enganei acreditando num resultado errado de uma feira de ciências do tempo da escola, quando me disseram que era A. Fiquei tão chocada em descobrir que não tinha o tipo que por tanto tempo julguei ter, que tinha até medo de esquecer o dado novo, coisa que pessoinhas de sagitário logo trataram de me ajudar a resolver por meio da mais simples associação.
A vida é mesmo cheia de equívocos. Blé.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Dia cinza

Foi até estranho voltar direto pra casa depois do trabalho depois de tanto emendar por tantos dias e tantos lugares. Chegar às 7 ouvindo a tv da sala ligada, pensar em algo pra beliscar e olhar a chuva da janela me lembrou um vazio que eu sentia pós-término-de-namoro-que-parecia-interminável*ambiguidade proposital*. Mas foi só uma lembrança, a dor daqueles dias era infinitamente maior e eu mal conseguia compreender como o mundo era cruel a ponto de seguir seu ritmo normal enquanto eu não conseguia juntar os meus pedaços perdidos na grande explosão do meu abrigo.
Quando penso que estou completamente adaptada à atual realidade, vem o vazio de noites assim. E incomodaçõezinhas medíocres do tipo: planos curtos pro fim-de-semana que eu não consigo definir, responsabilidades confusas que eu assumo e tudo o mais que independe exclusivamente de mim.
Hoje eu concordo com qualquer um que diga que eu sou complicada. Não, pensando bem eu não sou, eu só estou, é diferente. Amanhã sei que acordo e resolvo tudo. O problema é que hoje tô apática.
Quanto a ser, posso dizer que eu sou totalmente Vicky (Rebecca Hall), de Vicky Cristina Barcelona - vida longa ao Woody! Amanhã tentarei assistir Blindness e ter um dia menos preto e branco.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Sonho real - Lô Borges

E por falar em sonho, essa música inesperadamente me fez companhia no caminho de volta ontem - não posto porque não consegui achar a versão original em lugar nenhum.
Esses versos sempre me emocionam, não adianta:

Vem andar comigo numa beira de estrada desse lado ensolarado que eu achei pra caminhar. Vem meu anjo torto abusar do meu conforto, ser meu bem em cada porto que eu ancorar. Sonho real faz surpresa pra mim e trança o meu destino com alguém assim... Chega e instala a beleza, momento de sonho real.

É por isso que gosto tanto do Lô, entende?