terça-feira, 12 de agosto de 2008

Eu não te amo

E por falar em rejeição, catei um texto que havia mandado pra uma amiga há um tempão, que retrata direitinho como o ser humano é complicado, aff!

"O amor é engraçado. Mas, mais difícil que dizer 'eu te amo' é ter que dizer EU NÃO TE AMO. 'Eu não te amo' a essa mesma pessoa que há anos foi o motivo pelo qual o seu gatilho disparou. A mesma pessoa que causava o grande temor da rejeição, aquela para qual você desejava gritar 'eu te amo, eu te amo, pra sempre'. Para sempre. Por que sempre somos fisgados por ele? Mesmo depois de vários 'para sempre' desfeitos, ele continua nos enganando, nos convencendo.

Tão mais difícil que lhe dizer eu te amo, foi dizer que não a amava mais. Doloroso. Era aquela mesma sensação, mas ao contrário. Eu não queria dizer aquelas palavras, tanto que minha garganta nem precisava prendê-las como fez da primeira vez. Elas estavam ali, rodopiando pelo céu da boca livremente, batiam nos dentes, encostavam nas gengivas, colocavam a ponta dos pés pra fora e até brincavam com minha língua. Mas não saíam, não queriam, não precisavam. Como explicar a ela, que aqueles três anos não foram uma mentira? Como dizer que tudo o que eu havia dito, inclusive o 'para sempre' sempre foi verdade. Nem eu esperava ser enganado pelo destino. Mas havia acabado numa manhã eu que eu acordei e não senti a falta dela em minha cama, ou não reparei no seu cheiro que ficou em meu travesseiro. Quando esqueci de ligar, ou não tive tanta vontade de vê-la. Acabou quando meu pescoço entortou-se para olhar a mulher na esquina e um leve pensamento maldoso passou pela minha cabeça. Acabou quando ela me olhou e disse 'eu te amo' tão facilmente, tão lindamente e eu respondi 'eu também' sem nem saber o que estava dizendo, de forma automática, como se diz bom dia e obrigado. Mas ela precisava saber que não havia ninguém, nem problemas com ela, ou comigo, mas simplesmente não havia mais nada ali. E meus planos já nem a incluíam mais, não de propósito, mas me surpreendia ao deparar que ela não estava ali quando eu pensava em viajar. E eu buscava explicações sem encontrá-las.

EU NÃO TE AMO, disse. Não te amo mais. E como há três anos, senti de repente o medo, o pavor, mas dessa vez, não de assustá-la, de fazê-la sair correndo, de lhe causar medo, mas Deus, nesse momento eu percebi que não estava preparado para ouvir um 'eu também'. As mesmas palavras que antes desejava tanto que escapulissem de sua boca, agora eu rezava para não ouvi-las. E então entendi, em seus passos largos, apressados e conformados de adeus, que ela também sentia o mesmo que eu. Nós não sabíamos, mas ao mesmo tempo sabíamos. E quando ela dobrou a esquina, sem discutir, calmamente, percebi que ninguém está preparado para a rejeição. Ninguém. Eu não estava. Essa coisa do amor é engraçada..."

2 comentários:

Anônimo disse...

Tão profundo, verdadeiro quanto melancólico esse texto. Tá na hora de mudar o viés do teu blog e da tua vida. Engata uma segunda e ânimo. Tá bom de desculpas e justificativas, como diz a minha amiga matinal Ana Maria Braga.....ACOOOOORDA MENINA.

Dri disse...

Mas eu tô acordada.
E de olhos abertos.
E querendo mudar esse viés.
Pode acreditar.

:)