sábado, 16 de maio de 2009

'Cause you gotta have faith

Eles não tinham idéia de que aquela cidade poderia presenteá-los com uma coisa tão bonita. Estavam lá, ingênuos, desprevenidos, quando, de repente, veio o displicente encontro, que ela nem sabia que ocorreria. Agradeceu as gentilezas. Ela continuava sem suspeitar de nada; de início achou ele um cara legal e só. Ele se sentiu atraído pela destemida desconhecida, de olhos grandes castanhos e cheia de auto-estima, o que pra ele funcionava como um ímã.
Ela já tava quase cansando de explorar aquele encanto de cidade sozinha quando o destino entregou ele de presente: uma verdadeira enciclopédia de dicas e informações histórico-políticas, embrulhadas num senso de humor que fazia com que ela adorasse a companhia dele. Ele a entretinha tanto que ela nem se dava conta do quão era bom tê-lo por perto. Ele atribui isso à inexperiência dela, depois de ambos narrarem todas as desventuras amorosas em noites em claro que passavam desvendando a alma um do outro. Noites em que o riso estava sempre presente e a emoção também. Entre todas as coisas em que se descobriam parecidos, ambos afirmaram não acreditar em relacionamentos à distância, rá! A vida não perdoa!
Circulavam pelas ruas como se não houvesse amanhã, como protagonistas de uma bonitinha comédia romântica qualquer. A naturalidade como tudo fluía era definitiva. Ele não sabia que a impressionava com sua praticidade, sua rapidez de raciocínio e determinação em resolver qualquer assunto, e ainda a paixão pelas causas pelas quais luta, sua sensibilidade e humanidade.
Ela tava numa fase confusa, anti-romântica, na qual se recusava a falar de futuro, porque achava mesmo que nunca mais se viriam, que as impossibilidades berravam mais que qualquer chancezinha mínima e os jogava de volta nas suas respectivas realidades. Chamou de exagero algumas confidências; a incredulidade era uma forma de se proteger.
Olhar pra ele e sentir uma dor física, uma fisgada no coração que a fez largar um "ai", que justificou com uma piadinha boba qualquer, horas antes da partida e ver sua imagem ficando cada vez mais distante foi que a fez perceber o tamanho do espaço que aquele invasor se apossou em três ou quatro intensos dias, que já viraram mais onze e que ninguém tem a menor idéia de onde vai dar. Ele diz: "when there's a will, there's a way", e ela agora acredita.

Nenhum comentário: