sábado, 23 de maio de 2009

Adrilescência

De repente me deu uma saudade da minha adolescência, quando eu:

- tinha o horário de aulas do namorado guardado na gaveta, sobre as quais eu não fazia a menor idéia, e ficava rezando pra algum professor faltar pra que ele pudesse aparecer de surpresa na minha casa;
- via ele ter que sair com pressa, literalmente correndo na São Silvestre (era o nome da rua que ele cortava, juro!) pra apanhar o "Cristo" (o apelido do último ônibus da noite, que passava levando todo mundo, rs);
- comemorei com esse namorado, querido até hoje, a carteira de motorista (dele, obviamente) e o seu primeiro carro, um Voyage azul-marinho da década de 80 velhinho, mas que ele sempre fazia questão de abrir a porta pra eu entrar;
- aprendi a fazer bolo de chocolate e bolinhas de queijo e não vivia querendo emagrecer 2 kgs;
- achava que conseguiria aprender a tocar violão, mas já tinha certeza que de cerveja eu não ia mesmo gostar nunca;
- não sabia se seria médica ou advogada, apesar da professora de literatura ter me alertado para que pensasse sobre Letras;
- não me preocupava com pagamento da fatura do cartão de crédito no fim do mês, mas só em programar minha viagem de intercâmbio;
- usava o BBS (Bulletin Board System), onde todos os usuários se conheciam por nome e sobrenome - sim, eu vivi intensamente a era pré-internet, e foi divertidíssima;
- via os meus amigos quase todos os dias do ano - no colégio, claro - e sexo era um assunto tão misterioso quanto um romance de Machado de Assis.

Ah, e meus pais rezavam pra que eu "aguentasse esperar" ter pelo menos 19 anos pra casar, rá! Quanto mais eu vivo, mais a vida me mostra o quanto pode ser inusitada.

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