sábado, 17 de janeiro de 2009

O contrário do amor é a indiferença

Queria acreditar quando lhe cantassem:
Morena dos olhos d'água, tire os seus olhos do mar
Vem ver que a vida ainda vale o sorriso que eu tenho pra lhe dar.

Quanto tempo
Pode durar um espanto
Onde lançar a voz
Tempo
Tanto.

Bastou uma noite depois daqueles 2 anos. Sim, agora tudo se resolveu. É. Ela ainda não sabe dizer como é viver sem aquela áspera esperança que carregava involuntariamente na delicadeza de tudo que acontecia de novo, como a viúva que chora diante do corpo e ainda não sabe como vai ser a vida ao voltar pra rotina da casa.
A casa dela há tempos havia sido abandonada, mas em tudo que fazia, o antigo combatente de uma guerra de dúvidas se fazia presente: sempre escrevia da trincheira sinalizando que um dia voltaria pra casa. Ela acreditava.

Sua torpeza inventava motivos pra justificar a não-volta, como uma coisa quebrada que persiste em ser, já não sendo. Quando numa noite o improvável aconteceu, pôde ver que não havia mais nenhum tanque na rua, não havia mais medo. Sentiu-se estranha e percebeu que não sabia mais sentir. Correu e se trancou no quarto maior e mais escuro. Finalmente se entregou à sua pequenice, impotente. Entorpeceu-se por dentro. Não sabia explicar em quantas tantas vezes se mata o coração.

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