segunda-feira, 13 de abril de 2009

Tempo, tempo, tempo, mano velho

[Praia dos Carneiros - PE, fev/2009]

"E a vida não é mais que a fração de tempo que lhe foi concedida, durante a qual ele pode (e, na verdade, deve) moldar seu espíritode acordo com seu próprio entendimento dos objetivos da existência humana. No entanto, a rígida estrutura na qual ela se insere torna nossa responsabilidade para conosco e para com os outros ainda mais flagrantemente óbvia. (...) Afirma-se que o tempo é irreversível. É uma afirmação bastante verdadeira no sentido de que, como se costuma dizer, 'o passado não volta jamais'. Mas o que será exatamente esse 'passado'? Aquilo que já passou? E o que essa coisa passada significa para uma pessoa quando, para cada um de nós, o passado é o portador de tudo que é constante na realidade do presente? Em certo sentido, o passado é muito mais real, ou, de qualquer forma, mais estável, mais resistente que o presente, o qual desliza e se esvai como areia entre os dedos, adquirindo peso material somente através da recordação. O tempo não pode desaparecer sem deixar vestígios (...) e o tempo por nós vivido fixa-se em nossa alma como uma experiência situada no interior do tempo."

Tarkovski, Esculpir o tempo (adoro esse nome!), págs. 65 e 66.

Nenhum comentário: