segunda-feira, 13 de abril de 2009

Sessão de Gala, Corujão or whatever

A vida às vezes é assim:

Certas noites, Ray, sozinho, pensa em Mirabel.
Certas noites, Mirabel, sozinha, pensa em Ray.
Certas noites isso acontece ao mesmo tempo e, sem saber, eles continuam se relacionando.

Como é possível querer uma mulher à distância por não querer sofrer por tê-la?

- Tá feliz?
- Tô sim, baixa intensidade é legal.

Memórias, datas, personagens, sentimentos indefinidos, eternas insônias e distâncias, tudo embrulhado num lindo ovo de páscoa quebrado. O cansaço de uma nostalgia corrosiva força o olhar pra frente, força o caminhar no qual se evita os caminhos que se sabe não darem em lugar algum, mas que em momentos assim, ela olha e finge que não sabe e brinca de reconstituir um final feliz. Por um segundo sente de volta o cheirinho de felicidade que aquele Ferrari Black trazia consigo, ouve a voz rouca ao violão por trás da voz de Evan Dando, cantando Will you still love me tomorrow e tantas outras canções que parecia que ele próprio compunha, tão lindo era o jeito que se apossava delas, pra depois o peito lembrar que quanto maior a felicidade, maior a dor. Desaconselhável brincar com coisas tão profundamente afetáveis. E como é possível se sentir assim depois de ouvir tantas outras coisas bonitas, de quem parece ser tão intenso quanto ela? De repente, o que parece impossível consegue superar em muito o que parecia perfeitamente viável e não foi. A vida às vezes é assim.

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