O mundo não vale o mundo, meu bem.
Eu plantei um pé-de-sono,brotaram vinte roseiras.
O mundo, valer não vale.
(...)
O mundo não tem sentido.
no negrume circundante.
Silêncio: que quer dizer?
Que diz a boca do mundo?
Meu bem, o mundo é fechado, se não for antes vazio.
O mundo é talvez: e é só.
Talvez nem seja talvez.
O mundo não vale a pena, mas a pena não existe. (...)
Façamos, meu bem, de conta — mas a conta não existe — que é tudo como se fosse, ou que, se fora, não era. Meu bem, usemos palavras, façamos mundos: idéias.
Deixemos o mundo aos outros já que o querem gastar.
Meu bem, sejamos fortíssimos
— mas a força não existe — e na mais pura mentira
do mundo que se desmente, recortemos nossa imagem,
mais ilusória que tudo, pois haverá maior falso que imaginar-se alguém vivo,
como se um sonho pudesse dar-nos o gosto do sonho?
Mas o sonho não existe. Meu bem, assim acordados,
assim lúcidos, severos, ou assim abandonados,
deixando-nos à deriva levar na palma do tempo
— mas o tempo não existe — sejamos como se fôramos
num mundo que fosse: o Mundo.
-------------------------------
Posso, sem armas, revoltar-me?
[Minha frase preferida de "A flor e a náusea"]
[Ah, tem essa tb: Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais e soletram o mundo,
sabendo que o perdem.] Eu não quero perder. De novo.
Eu plantei um pé-de-sono,brotaram vinte roseiras.
Se me cortei nelas todas e se todas me tingiram
de um vago sangue jorrado ao capricho dos espinhos,
não foi culpa de ninguém.
de um vago sangue jorrado ao capricho dos espinhos,
não foi culpa de ninguém.
O mundo, meu bem, não vale a pena,
e a face serena vale a face torturada.
Há muito aprendi a rir, de quê? de mim? ou de nada?e a face serena vale a face torturada.
O mundo, valer não vale.
(...)
O mundo não tem sentido.
O mundo e suas canções de timbre mais comovido estão calados,
e a fala que de uma para outra sala ouvimos em certo instante
é silêncio que faz eco e que volta a ser silêncioe a fala que de uma para outra sala ouvimos em certo instante
no negrume circundante.
Silêncio: que quer dizer?
Que diz a boca do mundo?
Meu bem, o mundo é fechado, se não for antes vazio.
O mundo é talvez: e é só.
Talvez nem seja talvez.
O mundo não vale a pena, mas a pena não existe. (...)
Façamos, meu bem, de conta — mas a conta não existe — que é tudo como se fosse, ou que, se fora, não era. Meu bem, usemos palavras, façamos mundos: idéias.
Deixemos o mundo aos outros já que o querem gastar.
Meu bem, sejamos fortíssimos
— mas a força não existe — e na mais pura mentira
do mundo que se desmente, recortemos nossa imagem,
mais ilusória que tudo, pois haverá maior falso que imaginar-se alguém vivo,
como se um sonho pudesse dar-nos o gosto do sonho?
Mas o sonho não existe. Meu bem, assim acordados,
assim lúcidos, severos, ou assim abandonados,
deixando-nos à deriva levar na palma do tempo
— mas o tempo não existe — sejamos como se fôramos
num mundo que fosse: o Mundo.
-------------------------------
Posso, sem armas, revoltar-me?
[Minha frase preferida de "A flor e a náusea"]
[Ah, tem essa tb: Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais e soletram o mundo,
sabendo que o perdem.] Eu não quero perder. De novo.
2 comentários:
e eu querendo perder tanta coisa...
Ai, ai... ema, ema, ema...
;P
Postar um comentário